quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Sobre a situação do Rio de Janeiro

Chove...devem ser as lágrimas do Cristo Redentor. Hoje o Rio de Janeiro é mais uma vez uma cidade partida, como é desde o tempo do Império. Zuenir Ventura retratou bem isto em seu livro.
Entristeço em saber que todos sem exceção sofem, as mães, os filhos, os irmãos, os amores, os culpados e os inocentes. Somos humanos, imperfeitos do pretérito e imperfeitos do futuro...

Comentário de um amigo.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Sites muito interessantes

http://oblog.virgula.uol.com.br/mynameis/

http://andrelsb20.spaces.live.com/

No youtube :

http://www.youtube.com/user/AndreBispoVivo

http://www.youtube.com/user/Mardosom


http://www.youtube.com/user/freibarrosfreire

domingo, 25 de julho de 2010

Viagem

A mais perigosa viagem que se pode fazer é para dentro de sí...

O gato

Vem cá, meu gato, aqui no meu regaço;
Guarda essas garras devagar,
E nos teus belos olhos de ágata e aço
Deixa-me aos poucos mergulhar.

Quando meus dedos cobrem de carícias
Tua cabeça e dócil torso,
E minha mão se embriaga nas delícias
De afagar-te o elétrico dorso,

Em sonho a vejo. Seu olhar, profundo
Como o teu, amável felino,
Qual dardo dilacera e fere fundo,

E, dos pés a cabeça, um fino
Ar sutil, um perfume que envenena
Envolve-lhe a carne morena.

Charles Baudelaire

quarta-feira, 21 de julho de 2010

As três Marias

Um dia estava sentada em uma saleta onde trabalho e uma Maria veio sentar a meu lado. Maria é magra, parece ter sempre o rosto contraído, me passa algo nervoso, ansioso , áspero. Nunca quis conversar com ela, só me aproximo se tenho de tratar algo referente a trabalho. Maria sentou-se olhando para mesma parede que eu olhava e, de repente, começou a falar. Maria falou do marido, que um dia foi embora para morar com uma mulher deixando para trás ela e o filho. Passaram-se alguns anos e o marido voltou para os braços de Maria, pois, conforme ela disse, tinham um filho ! Fiquei meio desconfortável escutando estes fatos. Ela continuou falando, pois ignorava meu desconforto, contou que após alguns anos o marido estava traindo-a novamente. Maria estava nervosa, cheirava as roupas, examinava cuecas, olhava carteira e checava registros de ligações no celular dele ! Maria não falou em outra separação. Olhei para aquele rosto, magro, chupado e já com as marcas de idade. Maria não tinha viço. Maria não é feliz, mas nada quer mudar em sua vida...o que esperas Maria ? Que teu marido vá embora outra vez? Permanecer no inferno é bom ? Nada falei, limitei-me a “sim”, “é” e “que coisa”. Queria que Maria fosse embora !
A segunda Maria chegou para perguntar algo. Maria é diferente. Por vezes olhando-a vejo algo assexuado nela, nem menina nem menino, cabelos curtos. Lembro quando eram longos, um pouco desleixada com o corpo, possui grossas sobrancelhas. Está obesa. A segunda Maria, por um motivo qualquer falou no namorado apaixonado que tinha morrido há quinze anos e deixou tantas saudade que ela, apesar do passar dos anos não conseguia esquecê-lo. Perguntei-lhe quanto tempo tinha durado o namoro e, ela respondeu com a voz sumida “-Nove meses”. Olhei para ela e expliquei que em nove meses tudo são flores na vida de um casal que se gosta , já tinham se passado muitos anos e, conforme o caminhar do tempo, este namorado já deveria ter se transformado em apenas uma ótima lembrança. Maria abaixou a cabeça e disse : ”- Não consigo esquecê-lo...ele era tudo para mim. Quando arrumo um namorado, comparo com ele”. Suspirei e disse-lhe que um dia ela o esqueceria, mas lá no fundo, sabia que não seria assim. A segunda Maria vivia no passado, de passado e, de lá não queria sair. Olhei-a indo para sua sala e fiquei vendo o rastro de poeira bolorenta que ela deixou, poeira que era a vida da segunda Maria.
Chegou a terceira Maria ! Maria é alegre, viva , livre ! Gosto muito dela também. Sinto o cheiro de coisas novas quando ela passa. Parece que a terceira Maria impulsiona a vida sempre para a frente. Naquele dia, fiquei sabendo que era apenas um “parece”. Maria sentou-se já pedindo um pouco de minha atenção. Falou sobre o atual marido, que se juntou a ela sabendo que seu passado tinha sido movimentado e que tinha tido vários parceiros. Este homem aceitou tudo,mas somente no início. Maria estava há três meses sem fazer sexo ! O marido, quando Maria tocava nele, se encolhia e dava a entender que tinha nojo dela. Espantei-me. Olhei Maria e vi sua pele lisa, sedosa, os olhos vivos os fartos seios, enfim bonita e sensual...estaria aquele homem maluco ? Não, não estava maluco, como sempre este homem não sabe lidar com uma mulher totalmente livre. Aquele homem tem ouro nas mãos e não sabe fazer dele uma jóia. Não sabe aproveitar o que Maria lhe oferecia. Coitado. Tem vários homens assim e várias mulheres que se acuam e passam a vida achando que a liberdade é uma coisa feia ! Dei-lhe um conselho : “- Maria, arrume um homem para fazer sexo contigo, depois veja o que fazer, mas primeiro se satisfaça”. Maria levantou-se com um sorriso nos lábios e foi embora talvez para consultar sua agenda telefônica.
Três mulheres, três condutas, três insatisfações. Suspirei. As Marias passaram na sala onde eu estava e foram almoçar. Estavam risonhas. Falantes. Acomodei-me na cadeira , estava na hora de almoçar...

domingo, 18 de julho de 2010

O menino

Passei por ele lá pelo final da manhã quando me dirigia para o serviço. Ele estava compenetrado, tinha acabado de arrumar os livros em cima de um papelão. Não era bem um menino, tinha cerca de 17 anos, mas para mim, era um menino. Parecia que tinha ganho aquela caixa de livros do tipo ‘encalhados” de alguém e agora ia tentar vender. Não consegui ver o título dos livros, mas eram finos e todos iguais. Com a voz animada anunciou :”-Um é três reais, dois é cinco !”. Peguei o metrô.
Na porta do serviço um piquete de três pessoas impediam ninguém de entrar...funcionário público não serve nem para fazer greve ! O dia passou, fui embora , passei no mercado, e entrei na rua onde moro. Para minha surpresa lá estava o menino! Desde aquela hora estava na rua, tentando vender os livros. Parecia que todos os livros ainda estavam lá e o menino recebia um pacote de petiscos de milho de alguém, petiscos do tipo que não alimentam ninguém. Aqui onde moro as pessoas são solidárias com quem está na rua, vendendo, oferecendo algo para fazer, uns dão comida, outros passam adiante sem olhar, mas não há maus tratos. Esta é a marca registrada do Rio de Janeiro : a mistura das cidades partidas. Elas existem, coexistem, resistem.
Passei por ele pensando na janta, mas não consegui seguir adiante. Aquele menino nada tinha vendido e estava ali há muito tempo, há muitas horas oferecia os livros sem que ninguém os comprasse. Peguei dez reais em meu bolso, dei meia volta e pedi: “-Me dá quatro livros, quando eu passei aqui pela manhã eram dois por cinco, ainda é assim ?” O menino abriu o mais bonito sorriso do mundo! Seus olhos brilharam: “-É moça!” , e me deu quatro livros . Quando pegou o dinheiro ele olhou para mim, ainda estava sorrindo, sorria com os olhos , com a boca e com a alma! Olhei para os seus olhos e nunca mais vou esquecer o brilho, a vida , a alegria que ofuscou todo o resto da vida na terra naquele momento.

sábado, 17 de julho de 2010

Bêbado

Estava na rua quando veio em minha direção um homem bêbado. Era negro, com a camisa na mão e calças caqui. Um homem bonito. Cantava algo que começava com "- Meu amor". O resto era incompreensível. A canção era uma frase só repetida como um mantra e, cada vez que ele falava a palavra "amor', abria os braços como se fosse abraçar alguèm. Este homem arrancou-me um sorriso...e com este sorriso segui em frente...bêbado...sim, mas feliz !

O monolito de 2010

Foi um telefonema de um amigo que me avisou : o monolito estava lá. Perguntou se eu não ia vê-lo. Pensei algum tempo, demandava sair de casa, pegar condução, andar mais um pouco...e a volta ? Daria um pouco de trabalho. Com uma desculpa meio esfarrapada disse que não ia.
Outro telefonema, de outro amigo, desta vez bem mais prático dizia como eu chegaria a tempo para ver o monolito. Aceitei ! Corri e coloquei uma roupa, dinheiro para a condução...deixei tudo de lado, nada importava mais ...
O monolito estava lá ! Era grande, e não consegui ver se era fincado na terra ou estava acima dela , equilibrando-se. Havia algumas pessoas ao redor dele. Alguns amigos estavam perto, outros um pouco mais afastados mas sempre em lugar onde pudessemos ver um ao outro. Olhei bem o monolito e, a partir daquele momento percebi que tudo mais tinha virado poeira e, abrindo minha mão, deixei cair a poeira que ainda restava. Nada será como antes.


Esta é a primeira flor de uma orquídea que tenho em minha casa, representa este blog, que é o primeiro que tenho. Aqui postarei textos, fotos, frases, besteiras pensadas no cotidiano. Intantes Instantâneos como costumo denominar estes momentos em que a ideia de uma foto ou um texto passa por minha cabeça. Sejam bem vindos !

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Pessoas pseudo-abertas


Hoje descobri que há pessoas peseudo-abertas. Pessoas que deveriam ver o mundo com olhos bem abertos e a cabeça mais leve. Foi um verdadeiro espanto. Não ver as diferenças deste mundo tão cruel e tão belo, não admirar as particularidades...como pode ? E o olhar do mundo que nos cerca ? E a vida que corre de maneira tão desigual ? Pessoas tão novas com cabeç tão velhas ! Espantei-me !