Lá está ele, escondido nas dobras da cortina vermelha de sua casa. Fica quieto espreitando. Como um lodo negro e pegajoso se esconde nas dobras de sua roupa quando andas na rua. Ele te segue por todos os caminhos, te acolhe ou finge te acolher, pois seu colo é frio, muito frio. Você sempre conviveu com ele. Ele te amordaça, tira teus sentidos, cala sua boca, tolhe seus instintos e você não sabe o que vai fazer. Teve tempo para libertar-se, mas não o fez. Preferiu a prisão, uma linda gaiola dourada onde ele finge te dar conforto, uma voz aparentemente adocicada te enche de pavor cada vez que a escuta. Não sabes para onde ir ou mesmo o que fazer. Andas pelas ruas, beija minha boca, mas ele é mais forte, ou você o acha forte.
Ultimamente ele se esconde nas dobras de tua roupa de cama, sai todas as noites debaixo de teu travesseiro como uma sombra e não deixa que teus olhos cerrem o suficiente para que descanses. Nada há para fazer a não ser tentar te tirar deste redemoinho de escuridão que te cerca. Mostro, todos os, dias a luz do sol , faço teu prazer nas noites vadias, mas sempre voltas para ele. Nada o detém, pois queres voltar.
Ele está escondido num sentimento, ou em mais de um. Está te roendo as entranhas, consumindo teu prazer, roubando teu sorriso. Temo que não há mais tempo de te tirar do domínio dele. Ficas num canto acuado, chorando lágrimas que nem sabe que te rolam na face. Amor não é suficiente para partir as correntes que te prendem.
Sombrio é teu rosto, oculta é a face que olhas sempre, velho é o sentimento. Deixarás ?